É tão engraçado quando nos falam sobre aspectos da nossa personalidade que poucas pessoas conhecem....Não sei vocês, mas eu levo sempre um baita susto, porque tem muita coisa em mim que eu "tenho a certeza absoluta" que ninguem percebe, que ninguem sabe mas vira e mexe aparece um "alguem" que percebe, que desmembra, que deflora, que arranca a minha máscara (sim, todos nós temos uma) e fala: não D. Debora...você não é bem assim não...
Já coloquei inumeras vezes aqui a minha força de vontade, a minha flexibilidade, a minha verdadeira capacidade de "tirar leite de pedra". Esse meu lado é o que eu faço questão de expor, de berrar aos quatro cantos, "olha gente que valor que eu tenho".
Mas...existe aquele lado que a gente deixa guardadinho...aquele que só um publico muito seleto pode ter acesso...aquele publico que você não precisa mostrar...ele deve perceber e assim provar que pode sim, conhecer os tortuosos caminhos da minha cabecinha voadora.
Hoje mais um entrou para esse rol. Ouvi: "dançei com uma mulher e estou conhecendo uma menina". Num primeiro momento, me armei. Como assim, uma menina??? Você está me criticando??? Está me chamando de infantil???
Mas aí a birra passa, a lucidez vem e paro para pensar: sou menina? Ai Debora...voce ainda tinha duvidas disso? É obvio que você é uma menina!!
E que delicia! Tenho certeza que sou mulher quando tenho que ser...mulher até demais. Administro todos os aspectos da minha vida com louvor, administro uma casa, minhas contas, minhas vontades. Sou uma boa profissional mesmo não gostando do que faço. E estou preparada pro que virá.
E na hora das alegrias? Sou uma menina sim! Moleca, sacana, que rir de qualquer palhaçada, que chora por qualquer bobeira. Que passa seu tempo identificando bichos nas nuvens. Que fica colocando trilha sonora na sua vida. Que tem um blog, como uma adolescente tem um diário. Eu tenho até um idolo que eu chamo de lindo!
Com toda a sinceridade do mundo...não tenho o menor interesse que isso mude. Quero poder continuar adulta onde tem que ser...e só. No resto, que a menina de Campo Grande, andando de bicicleta, correndo atras de doce de Cosme e Damião, continue viva aqui dentro até o ultimo sopro.
P.S: Me lembrei de um texto da Clarice Lispector, acho adequado compartilhar...
“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”